MANUAL DO CURRÍCULO CRISTÃO: PRÉ ESCOLA (0-3 ANOS) PARTE I

MANUAL DO CURRÍCULO CRISTÃO

O Quê as Crianças Devem Aprender e Quando?

Segundo a Bíblia e os EspecialistasCaros Amigos da Educação Domiciliar

Fui animada a escrever esse material como uma tentativa de ajudar e tranquilizar pais de crianças pequenas, em idade pré-escolar (0-3 anos), que estão iniciando sua jornada no homeschooling e desde já buscam informações sobre o que fazer e como melhor preparar os seus filhos, mas ainda encontram-se com temores e dúvidas e um senso de incapacidade. Acredito que o motivo principal dessa insegurança é a simples falta de formação e de conhecimento que todos nós temos (e que um curso de pedagogia secular não iria necessariamente suprir) quanto a questões básicas da pedagogia cristã. Boas leituras de educadores cristãos, os conselhos de pais experientes, e uma visão geral do que a criança é, biblicamente e moralmente, e do que ela capaz de absorver academicamente, além de uma visão realista do que os melhores educadores e especialistas esperam do desenvolvimento excelente de cada faixa-etária farão com que os pais tenham seus temores iniciais dissipados e sejam libertos da pressão da nossa sociedade que quer que os pais acreditem que não são capazes de ensinar seus filhos e que nossas crianças estariam em melhores condições se estivessem nas mãos de especialistas educacionais (que, em sua maioria, são jovens professoras e pedagogas recém formadas, talvez bem-intencionadas, mas inexperientes e despreparadas para oferecer todo o amor, a abnegação, a firmeza, a paciência e o compromisso que Deus dá aos pais no momento em que lhes presenteia com uma vida humana e a coloca sob os seus cuidados).

No caso das crianças em idade pré-escolar, pais crentes e com famílias bem-estruturadas e amorosas que desejam ensinar os seus filhos em casa não têm o que temer, se confiarem-se às mãos do Senhor. A voz da experiência cristã é unânime: o melhor aprendizado é o que ocorre naturalmente em companhia dos pais, no contexto de um bom lar cristão. Muito pouco precisa ser planejado ou comprado em termos de currículo ou material didático. Essas coisas tendem a tirar o foco da educação espiritual e moral que deveríamos focalizar nessa fase. Brincadeiras ativas e saudáveis, o acompanhar e ajudar os pais no trabalho de casa, a interação com bons exemplos e as leituras de livros simples sumarizam o resto. Ainda assim é comum que pais se sintam inseguros e um tanto desnorteados, especialmente à medida que seus pequenos entram em idade escolar, ou quando decidem, por algum motivo, tirar seus filhos mais velhos da escola. A dúvida maior parece ser a dúvida da maioria dos pais homeschoolers: que conteúdos devo ensinar aos meus filhos, e quando?

Esses pais imaginam que há um consenso quanto a essas questões e que os professores e escolas têm clareza quanto à essa questão, mas isso não é verdade. Em primeiro lugar, a resposta cristã a essa pergunta será (ou deveria ser) muito diferente das propostas seculares, e mesmo entre os cristãos, há uma diversidade de princípios, conceitos, metodologias e conteúdos que fornecem respostas variadas à questão curricular. Se nos voltarmos para as propostas curriculares seculares em nosso país, elas pouco podem nos ajudar, a não ser pela voz da experiência das melhores escolas, dos educadores mais qualificados, e dos métodos mais bem-sucedidos. Ainda assim, muito do que se faz nas creches e escolas é resultado de filosofias inadequadas, modismos impensados e práticas irresponsáveis. Os pais e professores que dedicaram tempo tentando achar uma luz nos Parâmetros Curriculares Nacionais descobriram que estes são vagos, ideológicos e de pouquíssima ajuda prática.

Nesses casos, o que as mães e os educadores cristãos mais experientes têm considerado de maior ajuda (além da comparação e estudo de planejamentos e currículos de escolas cristãs e materiais didáticos de qualidade no Brasil e especialmente no exterior), são livros que resumem os princípios básicos de desenvolvimento, as habilidades e conteúdos e atividades que podem ser desenvolvidos em cada faixa etária, incluindo uma espécie de checklist dos marcos do desenvolvimento e aprendizado das crianças, especialmente os desenvolvidos por autores cristãos, que também se dão ao trabalho de comparar e diferenciar os conteúdos e objetivos seculares das nossas prioridades cristãs. Eu me propus simplesmente a resumir, traduzir e oferecer, na linguagem e formato mais simples que encontrei, o conteúdo desse material, que normalmente aparece na forma de “listas” de conteúdos e habilidades e que podem ser úteis para nortear e tranquilizar muitos pais. A maioria dos materiais dessa natureza a que tenho tido acesso é norte americano, mas busquei incorporar temas e conteúdos de boas escolas e de materiais didáticos brasileiros (em geral fracos e/ou inapropriados). 

Normalmente essas listas são compreensivas e exaustivas, e incluem muito mais do que qualquer família ou escola é capaz de oferecer; e, considerando as enormes diferenças individuais das crianças e as preferências da família, elas não são feitas para serem seguidas à risca, mas apenas para tranquilizar, dar idéias aos pais e torná-los conscientes de áreas que podem ser trabalhadas. Neste primeiro momento, fiz uma tradução/resumo/adaptação/compilação dos melhores conselhos e programas, especialmente os cristãos, do que  se pode fazer com as crianças na faixa de 0-3 anos, em casa, e praticamente sem ter que comprar nada, mas é claro que você pode adicionar a gosto as sugestões de leituras e materiais que outras mães têm oferecido em sites e blogs como o “amigasdohs”. Dei especial atenção para o ensino espiritual e moral e ao desenvolvimento integral, que deve predominar nessa idade, mas na segunda seção você encontrará orientações dentro de temas específicos como: Bíblia e Doutrinas, Linguagem, Matemática, Estudos Sociais, Arte, etc. E na terceira seção oferecerei sugestões práticas, listas de recursos e leituras, indicação de sites relevantes, dentre outros. Perdoem-me se, na tentativa de ser compreensiva, acabo sendo prolixa e cansando meus leitores. Recomendo esses conselhos, não como meus (embora em geral eu concorde com eles, e aqui e ali tenha inserido alusões à experiência própria), mas com base na qualificação dos autores e materiais utilizados e elencados  na bibliografia abaixo, e no depoimento de mães homeschoolers que utilizam regularmente esse tipo de recurso para checar e ou avaliar ocasionalmente ou anualmente o nível acadêmico de seus filhos, comparar  currículos, preparar planejamentos, gerar idéias, etc. Espero que seja útil também a todos os pais de crianças pequenas, e, dependendo do seu feed-back, assim que puder, desejo estender esse material para a Educação Infantil e para as séries do Ensino Fundamental.

   Karis B. G. Anglada Davis

Bibliografia Utilizada:

  • A Beka Academy. Homeschool Scope and Sequence. Preschool Through Grade Twelve. 2015
  • Abbot. John S.C. The Mother at Home. Ashburn: G.A.M, 1989.Beechick, Ruth. Teaching Kindergartners. Denver: Accent Books, 1980.
  • Judith A. Schikendanz…[et al] Understanding Children. Mountain View: Mayfield Publishing Co, 1993.
  • June R. Oberlander. Slow and Steady, Get Me Ready: A Parents’ Handbook for Children from Birth to Age 5.
  • Moore, Ramond e Dorothy. Home-Grown Kids: A Practical Handbook for Teaching Your Children at Home. Waco: Word Books, 1981.________. Home Style Teaching.A Handbook for Parents and Teachers.
  • Reisser, Paul. The Focus on the Family Complete Book of Baby and Child Care: from Pre-birth through the Teen Years. Foreword by Dr. James Dobson. Wheaton, Tindale House Publishers. 1997.Rod and Staff Curriculum.
  • Rupp, Rebecca. Home Learning Year by Year: How to Design a Homeschool Curriculum from Preschool Through High School. New York: Three Rivers Press, 2000.
  • Sampson, Robin. What Your Child Needs to Know When. According to the Bible, According to the State. Heart of Wisdom Publishing. 2009.Sonlight Curriculum Website.

MANUAL CRISTÃO PARA A PRÉ ESCOLA (0-3 ANOS)

PARTE I:

Princípios Cristãos, Morais e Desenvolvimentistas

1. Princípios Cristãos

– A responsabilidade exclusiva dos paise a importância de um bom lar na primeira educação. Há educadores cristãos, como o casal Raymond e Dorothy Moore, que defendem que a criança não precisa de educação formal (escolar) até os 8-10 anos, se em casa ela for devidamente estimulada e ensinado pelos pais. Até há pouco tempo o governo só exigia entrada na escola depois dos 6-7 anos; agora a obrigatoriedade da educação escolar alcança a idade de 4 anos, e a tendência da pedagogia secular é tirar a criança do lar o mais cedo possível, por meio das creches e programas para crianças de 0-3 anos. Seu argumento é que a criança pode aprender muita coisa nessa idade, e que ela será melhor preparada se estiver nas mãos dos especialistas. De fato, os três primeiros anos de vida são cruciais e importantíssimos, e a criança aprende e se desenvolve fenomenalmente em todas as áreas, e adquire os princípios de tudo, especialmente pelo exemplo. O pedagogos aliados à agenda socialista e marxista que rege a educação de nosso país sabem disso, como bem provam livros  como “O que Estão Ensinando a Nossos filhos?”, “Maquiavel Pedagogo” e “Quem controla a Escola controla o Mundo”, e as próprias orientações das políticas e documentos nacionais de educação que se manifestam também nos materiais didáticos diluídos e ideológicos. Mas a Bíblia (além da história e do senso comum, e das pesquisas educacionais mais sólidas) afirma claramente que essa tarefa e privilégio de educar e formar as crianças é muito melhor realizada pelos próprios pais, no ambiente do lar.

– A importância dos primeiros anos para a formação total da pessoa, tempo em que a criança adquirirá os princípios e as bases de tudo. A formação infantil de pessoas como Moisés e Samuel nos anos antes de serem desmamados comprova a importância espiritual e formativa e as marcas indeléveis deixadas pelo ensino e exemplo dos pais sobre a mente e alma da criança. Pense também nos exemplos de Isaque, José, Davi, Salomão, João Batista e Timóteo. “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele”. A Bíblia também afirma o caráter determinante da educação nos primeiros anos em versos claros: “A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe”, “Castiga o teu filho, e livrarás a sua alma do inferno”. “Porque desde a infância sabes as sagradas letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus”. “Se não vos tornardes como crianças, não podereis entrar no reino dos céus”, “Da boca de infantes e de crianças de peito tiraste o perfeito louvor”.  Além de muitos outros textos.

– Esse é o momento de focalizar a formação espiritual, os princípios básicos sobre Deus, sobre sermos criados e amados por Deus, sobre precisarmos de Deus, sobre o pecado e nosso coração mau, sobre a pessoa e a obra do Salvador, sobre o seu lugar no Pacto e no povo de Deus, sobre a sua esperança futura. Lembre que a criança associará essas verdades às noções de pai, de amor, de paz, de lar, de cuidado, etc., que ela conhece e vê na sua família. Você pode ensinar as doutrinas e os princípios de todas as obras de Deus (criação, providência, redenção), de maneira informal, com o auxílio de um catecismo, ou fazer isso por meio das histórias bíblicas.

– A necessidade absoluta de focalizar a educação moral nessa fase ao invés da acadêmica, pelo uso da disciplina e exigência da obediência e exemplificando e direcionando a formação do  caráter da criança. Também é possível reforçar essa educação preceito (com o auxílio das histórias bíblicas e outras histórias com fundo moral), mas ela deve ser aplicada pessoalmente a cada instante da vida da criança.

– A Importância do crescimento individual e do aprendizado voltado para a utilidade e para o serviço outros por meio do trabalho: a criança precisa aprender que ela existe para ser útil a você e a outros, não para ser entretida. O próprio brincar, que é tão crucial nessa fase, é o trabalho da criança. Ela não considera e não deve considerar trabalho e brincadeira como opostos. Ela brinca trabalhando e trabalha brincando. Os pais devem encorajar que ela “se divirta” sendo produtiva e construtiva, ajudando os pais, varrendo, guardando, limpando, etc. ,  Isso também encoraja o seu senso de valor próprio, por saber que é uma pessoa útil à sociedade.

– A criança precisa ser escrupulosamente guardada de maus exemplos (inclusive pela Televisão e Mídias) e exposta a exemplos excelentes (pais, adultos e irmãos mais velhos) pois ela aprende principalmente pela observação e imitação.

2. Educação Moral: Sua Prioridade na Fase Pre-Escolar

– Esteja bastante presente na vida das crianças (24/7): elas precisam do exemplo dos adultos e são fascinadas por eles. A sua presença constante é insubstituível: para exemplificar virtudes, bons hábitos e atitudes, dar atenção e conversar com eles (imprescindível para desenvolvimento da linguagem), para responder às suas perguntas curiosas e reagir às suas descobertas e avanços, para garantir sua segurança física, para dar e firmar limites e exigir a obediência, para tratar das necessidades do seu caráter e punir atitudes pecaminosas de maneira consistente, para confortá-lo, ajudá-lo, abraçá-lo e mostrar carinho e amor.

– Com a ajuda de Deus, ore e busque dar bom exemplo às crianças dos frutos da piedade: amor, alegria, paz, paciência, bondade, auto-controle, mansidão, verdade, fidelidade. Aspectos do caráter que podem ser trabalhados nessa idade: obediência alegre e imediata, gratidão, prestar atenção, cuidado com outros, consistência, alegria, coragem, diligência, gentileza, humildade, bondade, paciência, perseverança, ser agradável e respeitoso, segurança, auto-controle, submissão, falar a verdade.

– Porém, lembre que o seu filhinho de 0-3 anos não precisa só de ensino e de bons exemplos, mas também de disciplina corretiva, porque ele, por natureza, não é inocente ou propenso à virtude, mas pecador, corrompido, altamente egoísta e com tendência ditatorial: só pensam em si mesmos, ignoram os outros, não compartilham brinquedos, são maldosos e voluntariosos, expressam seus interesses de maneiras pecaminosas, demonstram sua insatisfação com poderosas demonstrações de emoções, agarram, brigam, gritam de raiva, machucam outros de propósito, desobedecem regras claras na sua frente para desafiar e testar o limite da sua autoridade e o poder que ele tem, pode ser extremamente e irracionalmente negativista: ele pode até querer algo, mas não aceita se você lhe der o que quer simplesmente por não ter sido idéia dele, etc. Essas coisas precisam ser disciplinadas com firmeza.

– Sobre a obediência da criança de 0-3 anos: Sejam bastante amorosos mas estabeleçam limites bem definidos (o que podem ou não fazer), e, desde o início, estabeleçam a sua autoridade. É sábio, quando possível, evitar confrontos, mas quando isso acontecer, quebre e dobre a vontade da criança. Exija obediência imediata. Façam poucas regras, mas exijam o seu cumprimento. Ex. Não subir na mesa; não mexer nos bibelôs, guardar os brinquedos depois de brincar, não bater, etc. Nunca dê uma ordem que você não pretende que seja obedecida. Seu filho nunca é pequeno demais para obedecer.

– Sobre a disciplina da criança de 0-3 anos: Nunca discipline quando a criança não tiver feito o mal de propósito, e quando tiver desobedecido por questão de ignorância do sentido das palavras e exigências. Mas sempre que a criança desobedecer propositalmente, ela precisa ser disciplinada de alguma forma. Nessa fase, a linguagem que elas entendem melhor é a física. Até os dois anos de idade, não adianta apelar para a lógica e explicações. Ao aproximar-se dos três anos, é possível dar algumas razões, especialmente em questões de segurança, embora as crianças devam obedecer quer elas entendam ou não. Não argumente com eles sobre a legitimidade de suas ordens. Castigos e outras formas de disciplina acabam sendo mais dolorosos e ineficazes nesta idade. A disciplina física deve ser o mais imediata possível para que a criança associe a punição à desobediência. Ela deve doer sem ferir. Especialistas cristãos indicam a vara ou outro objeto apropriado em lugar da palmada, que pode ser inesperada e dar lugar à vazão da ira dos pais. O tempo de pegar o objeto de punição acalma os pais e prepara a criança para a disciplina.  As nádegas da criança são o local mais apropriado para receber a vara.

– Lide com cada criança considerando seu temperamento natural (teimoso ou submisso, alegre ou introvertido, sensível ou revoltoso). Com crianças difíceis e teimosas, seja sábio e evite entrar em confrontos abertos. Por exemplo: se ela está brincando quietinha, e você sabe que ela está numa fase de teimar, não mande, sem motivo, ela sair dali e fazer outra coisa. Se ela está numa fase de não querer falar, não a force a conversar. Se elas estão na fase do “Não”, tente fazer perguntas cujas respostas não sejam “não”. Ex: De onde vem a chuva? O que o pato diz? Não espere que eles irão cooperar e compartilhar brinquedos com outros pequenos visitantes: o melhor é evitar contatos demorados com outras crianças pequenas, ou tirar de vista o brinquedo cobiçado, ou distraí-las. Encoraje as crianças mais tímidas e sensíveis, estimule as crianças que tomam a iniciativa de compartilhar algo, etc.

– Não torne seus filhos o centro das atenções. Não dê atenção exagerada às gracinhas, descobertas, falas tolas e egoístas e avanços de seus filhos. Mas elogie um trabalho bem feito, focalizando no trabalho e não na criança. Pais devem ser geralmente responsivos, mas se você estiver ocupado, diga à criança que ela terá que esperar um pouco para ter a sua atenção. Sejam consistentes, mas com cortesia e consideração pela criança. Ex. “Quando terminar esta torre, guarde os blocos”. Não seja severo demais.

– Não ofereça escolha quando não há escolhas a fazer. Ex: “Aqui está o seu mingau”, e não: “Você quer um mingau?”. “Está na hora de ir deitar”, e não: “Vamos deitar?” Depois, quando a criança estiver disposta e acostumada a obedecer sem reclamar, você pode oferecer que ela escolha entre duas opções aceitáveis: Você prefere iogurte de morango ou de pêssego?

3. Princípios de Desenvolvimento

– Educadores cristãos e não-cristãos são unânimes em advertir que, não importa o quão esperto e pronto o aluno de 0-3 pareça, devemos ter bastante cuidado de não tentarmos ensiná-los “coisas demais cedo demais”. É claro que eles são capazes de aprender e absorver muito nesta fase, e isso acontece quase naturalmente, pelos instintos de exploração e curiosidade que Deus mesmo colocou na natureza infantil. Certamente podemos e devemos direcionar sua curiosidade e habilidades de retenção e imitação, mas uma coisa parece clara: se, do ponto de vista bíblico e desenvolvimentista, é nessa fase de 0-3 que as crianças precisam aprender as bases da piedade; e se essa fase é a menos indicada para o ensino acadêmico, devemos nos concentrar especialmente na formação do seu caráter, e nos ensinamentos básicos da piedade cristã. Por isso, a maioria dos educadores cristãos voltados para essa faixa etária não se cansam de dar sempre este mesmo conselho. Por um lado, não deixe passar sequer um caso de desobediência, de desrespeito, de tolice despercebido; mas não se preocupe se a criança chegar aos três anos sem saber as cores, sem reconhecer o alfabeto, não contar até vinte, etc. Ela simplesmente pode não estar pronta para isso, e você estará perdendo seu precioso tempo pesquisando currículos, atividades, e tentando forçar um padrão acadêmico que você está impondo sobre si mesma e sobre a criança desnecessariamente. Você já estará bem ocupada correndo atrás de seus filhotes, levando-os para tomar sol e brincar ao livre, cuidando de todas as suas muitas necessidades e segurança físicas, cuidando da casa, educando seus filhos mais velhos, e principalmente, estando atenta para castigar a desobediência e ensinar-lhe hábitos respeitosos e virtuosos.

– Se você ainda assim notar um grande interesse da parte de seus pequenos de estudar (normalmente isso acontece quando eles vêem os mais velhos estudando), você pode fazer uma pequena “aulinha” com eles. Busque conteúdos mais relevantes, como uma história bíblica, ou um dicionário ilustrado, um livro de colorir, e um caderno de desenho, e diga que esses são os seus livros e cadernos, e que ele ou ela também fará a sua escolinha. Mas nunca passe mais de cinco a dez minutos em cada momento. A atenção deles ainda é curta, e tenha em mente que nem sempre eles estarão sentadinhos e colorindo como você imagina que acontece numa sala de aula. Eles podem aprender a memorizar um versículo enquanto você lava a louça, podem colorir deitados no chão, aprender o alfabeto pulando, e ouvir uma história enquanto perambulam pela sala. Aos poucos o seu tempo de atenção irá aumentando, mas jamais force uma “aulinha” assim se eles não estiverem interessados. Não espere que eles saberão como alcançar as suas expectativas. Você é que deve estar atento para coisas que chamam o interesse das crianças, e usar aquilo como um propulsor de algum momento de ensino relevante. Educadores em geral concordam que, nessa idade, o ensino não precisa ser sistemático. As crianças aprendem fatos avulsos e desconectados, que somente numa fase futura serão organizados numa linha do tempo, em causa e efeito, etc.

– Nunca compare as realizações de seus filhos com a de outras crianças. Pais experientes sabem que sequer podemos fazer esse tipo de comparação entre irmãos. As crianças são diferentes; elas se desenvolvem e aprendem diferentemente, e elas só absorvem certos conteúdos e conceitos quando elas estão prontas. De repente, algo parece “clicar” nelas, e num instante elas pode repetir todas as cores que você passou anos tentando lhe ensinar.– Resista à tendência de introduzir o ensino formal e o currículo acadêmico cedo demais. Aguarde sinais de interesse, prontidão e facilidade de compreensão por parte das crianças. Se um conteúdo estiver difícil ou desinteressante, desista dele por um tempo, aguarde, e teste alguns meses depois. A mãe e educadora exemplar Susana Wesley mostrou, há muito tempo, que entendia esse princípio de que não adianta começar cedo demais. Ela nunca começou a ensinar academicamente seus dez filhos antes dos cinco anos de idade, para não cansá-los. Porém, no dia em que eles completavam cinco anos, ela começava a ensinar-lhes o alfabeto, letra por letra, linha por linha, e rima por rima, e só passava à letra seguinte quando as crianças liam com perfeição os versos anteriores. As crianças estavam tão prontas nessa idade para receber esse tipo de conteúdo que elas eram capazes de aprender todo o alfabeto em um dia, começavam a ler de Gênesis no dia seguinte, e em menos de três meses liam e escreviam fluentemente. Mesmo sabendo que nem as mães nem as crianças de hoje são as mesmas das de antigamente, o princípio permanece válido: antes ficar atento e esperar por essa fase em que o aprendizado acontece facilmente do que levar alguns anos e muitas horas de sofrimento tentando ensinar o alfabeto ao seu filhinho de dois anos que só quer correr e brincar e não mostra nenhum interesse em suas aulinhas.

– Embora o propósito deste material seja lhe dar uma base curricular do que a criança pode aprender em cada idade (mais para lhe tranquilizar!), a instrução básica para os pais de crianças de 0-3 anos continua sendo: Você não precisa de um currículo para a pré-escola. As crianças aprendem imensamente nesses primeiros anos apenas no decurso da vida diária, no contato com o mundo e com as pessoas. Rebecca Rupp, em seu livro sobre currículo, confirma isso mesmo do ponto de vista secular:

“O que fazer com nossos filhos em idade pré-escolar? 


Abrace-os. Fale com eles. Responda suas perguntas. Jogue jogos. Leia livrinhos ilustrados. Deixe-lhes ajudá-la a assar pão, organizar as meias, e plantar o jardim. Faça massinhas de modelar. Cante musiquinhas infantis. Alimente os passarinhos. Risque com giz de cera e desenhe com giz na calçada. Experimente pintar com os dedos. E apenas observe-os: De maneira impressionante, ao cresceram de bebês para a idade de dois, três e quatro, eles irão expandir em seu vocabulário e reunir um incrível fundo de conhecimento. Da maneira confortável do dia a dia, eles irão aprender a contar até dez, absorver o nome das formas e cores, memorizar cantigas…, e o alfabeto, e descobrir como pedalar um triciclo, fazer carambolas,  e – ao menos em nossa experiência – desmontar o vaso sanitário, o berço e o relógio, operar o telefone e a secretária eletrônica, a cafeteira, e o computador, escrever seus nomes (normalmente e de trás para frente) na parede, e despojar todo o conteúdo da gaveta de talheres na central de ar-condicionado. Normalmente – dentre os limites da segurança e da sanidade dos pais – as crianças pré-escolares deveriam ter liberdade para explorar. Há mais chances deles aprenderem numa tarde gasta fazendo lama no monte de areia do que eles poderão aprender do mais bem elaborado currículo”.

–  O Bom Lar: é o melhor lugar para a criança pré-escolar:  Tanto Bíblia, a experiência dos pais, como as melhores pesquisas sócio-educacionais comprovam isso: que o melhor lugar para a criança pré-escolar é em casa, e seus pais e irmãos são as melhores pessoas para estar com elas. O bom lar é o lar ordenado, com pais piedosos e responsivos, que demonstrem amor por meio do cuidado e atenção às necessidades básicas da criança, e que também são firmes na imposição de leis e regras que todas a família deve obedecer. No âmbito acadêmico e do bom desenvolvimento infantil, um bom ambiente familiar é aquele que fornece bons exemplos e hábitos para a estruturação da vida infantil, e que estimula ou direciona o conhecimento do mundo e as habilidades desenvolvimentistas da criança. Se bem que estímulo a criança tem – basta que lhe proporcionarmos e direcionarmos, por meio de uma liberdade relativamente segura, as experiências e o contato delas com a natureza, com o mundo a seu redor,  e com matérias primas variadas para sua exploração, manipulação e experimentação.

– A melhor socialização: a criança dessa idade aprende mais pela imitação do que pelo preceito. Dê-lhe bons exemplos de fala e conduta, de preferência adultos e outras crianças que obedecem as regras do lar. Limite coleguinhas a pequenos grupos de crianças bem criadas, e sempre sob a sua supervisão. Regra básica: número de colegas não deve exceder a idade da criança. O ideal é que a primeira socialização com outras crianças seja com os irmãos, ou mais velhos, para lhe servirem de exemplo e cuidarem deles, ou mais novos, para ela aprender a cuidar e amar alguém menor e mais indefeso. Hoje, com as famílias que só tem um ou dois filhos muito espaçados, esse tipo de socialização saudável encontra-se ameaçada.

– Os conteúdos pré-escolares (o conhecimento do mundo ao nosso redor: natureza, profissões, formas, cores, lugares, sociedade, etc.) podem ser muito melhor aprendidos no contexto da vida e sob a liderança da família do que numa sala de aula ou por livros didáticos: proporcione a eles muitas experiências também fora de casa: leve seu filho com você para passear no parque, para a praia, em viagens, para o supermercado, para o correio, para o restaurante. Mostre e aponte para ele os meios de transporte e sinais do trânsito, as escolas, as indústrias, os tribunais, o hospital, as profissões, os artesãos, etc. Crianças em idade pré-escolar não precisam ficar trancadas em casa com uma babá, avó ou tia. Você não precisa adiar viagens e compromissos para quando elas são mais velhas. Elas estarão aprendendo sobre o mundo com todas essas experiências, e também a se comportar e imitar os adultos nas diferentes circunstâncias: educação no restaurante, ficar quieto no culto ou lugares solenes, etc.

“É pela interação com, e observação e imitação daqueles ao seu redor que ele aprende sobre a vida- suas habilidades sociais” (Moore, p. 105)

– Esse é o tempo ideal de dar-lhes bom conteúdo para memorizar, ou eles irão aprender somente palavra e músicas tolas. Ensine e repita constantemente versículos bíblicos, perguntas do catecismo, corinhos, hinos e porções de salmos, rimas de qualidade sobre a natureza. E esse tipo de ensino nem sempre acontece espontaneamente. Vale a pena tirar um tempo e investir em preparar materiais desse tipo para os seus pequenos: faça uma lista de músicas para ensiná-lo; selecione perguntas do catecismo para a sua idade, escolha bons versículos para memorização.

– Ensine pelo método de Deuterônômio 6: todo o dia, o dia todo: ao nos sentarmos na casa, ao andarmos pelo caminho, ao nos deitarmos e ao levantar-nos. Faça uma placa e pendure os mandamentos em você e nos cômodos da sua casa. Alguns chamam esse ensino informal e constante de discipulado. (conheço uma mãe que alfabetizou seus filhos com um cartaz com as letras do alfabeto colado na parede do banheiro em frente ao vaso sanitário. Você pode fazer algo semelhante com versículos e toda espécie de conteúdo relevante, para lembrar de trabalhá-los regularmente.

– Os melhores educadores ressaltam a importância de manter as crianças fora do ambiente institucionalizado (creches, pré-escolas, escolinhas dominicais, etc.), e de se cultivar um bom ambiente domiciliar, (calmo e ordeiro, estimulante do aprendizado, amoroso e responsivo). A última coisa a fazer nessa idade é colocá-las numa escola ou creche. Se for extremamente necessário deixar seus filhos aos cuidados de outros, que seja num ambiente o mais parecido possível com um lar, e com pessoas o mais parecidas e que sustentam os mesmos princípios que sua família.

– Por outro lado, não negligencie a importância de uma boa educação pré-escolar integral no ambiente doméstico: não ignore seu filho, não deixe-o com babás ou aos cuidados de outros, não dê mal exemplo, e considere a importância de lhe dar o devido tempo e devida atenção e instrução formativa nessa fase. Raymond e Dorothy Moore sumarizam a importância da educação (em casa, pelos pais) da criança pré-escolar:

“É incrível perceber que mesmo ates de fazer três anos de idade, o seu filho já realizou muitas coisas e virtualmente lançou a base para todas as outras fases da sua vida futura. Os psicólogos em geral concordam que o estilo de vida, a personalidade, a habilidade linguística, o potencial mental, o auto-conceito, a atitude para com a autoridade, e a constituição física estão todos basicamente bem estabelecidos até os três anos de idade.”(p. 108)

4. Educação da Personalidade: Aspectos Psicológicos, Sócio-Emocionais e Desenvolvimentistas

– O desenvolvimento sócio-emocional da criança de 0-3 anos é um fator que será determinante dos anos futuros da criança para o bem ou para o mal;  hábitos e impressões adquiridas até os três anos não são facilmente modificados. A criança precisa identificar desde muito cedo quem a ama, cuida dela, está presente, em quem ela pode confiar, quem garante a sua segurança enquanto ela explora, quem lhe irá confortar. A criança apegada à mãe é a mais socialmente saudável, pois usa a mãe como uma base de segurança e conforto enquanto explora o mundo. Ela irá mais cedo sentir empatia pelo que os outros estão sentindo, desejo de compartilhar, e capacidade de brincar com outras crianças sem se fazer de ditadora nem de vítima. Já as crianças que parecem não interagir ou depender da mãe, e as que ficam ansiosas quando a mãe está ausente mas não aceitam o conforto da mãe quando ela retorna, estão em maior risco de demonstrar, futuramente: dependência emocional, agressividade, desobediência, frustração, falta de atenção e hiperatividade. (baseado em pesquisas seculares)

– Um apego saudável à mãe e um bom ambiente familiar é estabelecido desde muito cedo: amamentação regular (à demanda ou controlada, para ensinar os primórdios do auto-controle); carinho físico e verbal; estado emocional da mãe tranquilo e confiante; fala calma e responsiva; pouco barulho ambiente de TV, gritarias de outras crianças, choros, etc.; música ambiente tranquila; união dos pais e irmãos; firmeza e consistência dos pais para não ceder aos protestos da criança no que diz respeito a decisões relacionadas a hábitos de dormir, comer, brincar, descansar, etc.; liberdade controlada para explorar sempre na presença dos pais; Estímulo e auxílio voltados a proporcionar a independência da criança em tarefas que ela pode fazer sozinha: segurar a mamadeira, beber de um copo, sentar à mesa com a família, alimentar-se sozinho, guardar brinquedos, vestir-se etc.

– Ensine e exija a obediência a regras simples com uma atitude positiva e num contexto de alegria. Reenforce a necessidade básica da criança de obedecer para ser feliz com histórias de uma criança que está feliz pois obedece ao papai e mamãe, ou de bebês animais que fazem prontamente o que a mãe manda: “Pule, diz a mãe sapo; eu pulo, diz o sapinho, ele pulou e nadou todo dia no laguinho”. Ou brinque de dar ordens para a criança obedecer rapidamente: encontre algo vermelho e traga para a mamãe.

– Brincar é o seu trabalho e o melhor estudo. Ela gosta de brincar e de trabalhar. Não a desiluda com uma atitude negativa para com o trabalho.  “Não faça pela criança o que ela é capaz de fazer sozinha”. Deixe-a lavar as mãos, joelhos, pés (ela aprenderá sobre pares); se vestir, pentear o cabelo, escovar o dente (antes de você escová-los melhor). Ensine-a a trabalhar e a lhe ajudar com tarefas simples: guardar brinquedos, pôr a mesa, arrumar a cama, levar o lixo, jogar fraldas e papéis no lixo, dar descarga, espanar móveis, etc.

– A criança não tem ainda noção de tempo. Não se apressa nem se atrasa de propósito. Pouca paciência, quer as coisas agora. Ou fica horas brincando, estudando ou manipulando algo de seu interesse. O que fazer: Quando possível, não interrompa e estimule a sua atividade solitária: isso lhe ajuda com a coordenação, aumenta sua capacidade de concentração e o período de atenção.  Por outro lado, estabeleça limites de tempo, por exemplo, com um alarme, quando a criança está demorando a fazer algo que ela quer fazer sozinha. Ensine-a a paciência, a esperar para ter um desejo satisfeito como para ler um livro, ir para a cama, receber a mamadeira, hora das refeições.

– A criança tem um desejo natural pela ordem e ritual (fazer as mesmas coisas no mesmo horário, dia após dia), encontra segurança na rotina, e fica feliz de saber o que esperar de cada dia. Busque ter uma certa rotina e ensinar a organização: arrumar gavetas, prateleiras, quarto, armário, guardar compras, etc.

– Porém não torne as crianças (nem você mesma) escravas da rotina, do ambiente de costume ou de objetos de seu apego. Elas gostam de pequenas surpresas, e elas precisam aos poucos se acostumar com as mudanças. No caso de grandes mudanças, prepare-as para eventos como ida ao médico ou dentista, mudanças de casa, visitas, festinhas, viagens: conte-lhes o que vai acontecer, quem estará lá, o que ele vai ver, como ele deve reagir. Também é bom treiná-la a se comportar em lugares não familiares, a dormir no seu colo ou bebê conforto quando a cama não está disponível, a comer fora sem precisar da sua cadeira, seu prato e copos especiais, a não reclamar se tiver esquecido a mamadeira ou paninho, enfim, para que você e ela possam “sobreviver” sem os seus equipamentos especiais e costumeiros. A vida muitas vezes não é confortável ou previsível. A criança precisa aprender se adaptar às mudanças e a lidar positivamente com os imprevistos da vida.

– Desde já podemos ensinar a criança sobre Propriedade Privada. O respeito à propriedade sua e dos outros: não usar os objetos de decoração da casa para brincar, brincar apenas com o que é seu (está na sua caixa ou cantinho de brincar, e cuidar e arrumar o que é seu), mostrar que outras coisas pertencem a outros membros da família, “isso é do papai, não posso pegar sem pedir”. Cantar, na melodia das estrofes de “Jesus me Ama”:

Isso aqui é do/da__________ (papai, mamãe, maninho, vovó…)

Não vou mexer no que é seu.

Não vou pegar sem pedir.

Vou brincar com o que é meu.

As emoções de uma criança de dois anos normalmente são exacerbadas: chora de frustração se não consegue pôr uma roupa, se apavora se não vê os pais por perto, perder um brinquedo é como ver o mundo se acabar, êxtase se gosta de alguma coisa, à semelhança do que acontece na adolescência.  Você precisa entender essa situação emocional deles, mas não desculpar atos que são claramente pecaminosos. Como lidar com isso: um bom sono durante o dia, ou ir para a cama mais cedo; não mude suas decisões por causa de sua reação emocionada; discipline quando a reação for pecaminosa e desafiadora.

Leia a Parte II: Conteúdos e habilidades

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3 comentários em “MANUAL DO CURRÍCULO CRISTÃO: PRÉ ESCOLA (0-3 ANOS) PARTE I

  1. Olá.
    Eu e meu esposo somos missionários, e temos dois filhos (4 e 3 anos idade). Tenho orado por direção e instrução sobre o ensino domiciliar, e após pesquisas cheguei a este blog, que acredito ser uma resposta do Senhor. Sou psicóloga e tenho sentido falta de leituras sobre este assunto com fundo em uma teologia reformada. Muito obrigada.
    Deus abençoe,
    Gostaria sim de acessar o conteúdo do Manual para idade acima de 4 anos.

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