A CESTA DE FLORES – UM CONTO PARA CRIANÇAS – Capítulo 1

A Cesta de Flores – Um Conto para Crianças




Essa é uma tradução do belo livro do alemão Christoph Von Schmid “A Cesta de Flores – Um Conto para Crianças”. Trata-se uma tocante história sobre uma menina e seu pai jardineiro, que lhe ensina, por meio de suas flores, lições de piedade que sustentarão a jovem no poder da verdade e do perdão em meio à perseguição e falsa acusação que precisarão enfrentar. Disponibilizaremos aqui os capítulos desse livro à medida que forem sendo traduzidos. 



Capítulo 1 

O Início da História de Nossa Heroína

Os eventos narrados neste pequeno livro aconteceram muito tempo atrás, em um país muito distante do nosso. Isso explica alguns modos e costumes que parecem estranhos para muitos jovens leitores, mas nos esforçaremos para fazer a história tão simples e familiar de forma que todos os que lerem poderão entender as lições que pretendem ser transmitidas. A natureza humana é a mesma em todos os países. Por um lado, temos o coração humano, pecador, produzindo uma vida longe de Deus que leva à completa miséria e tristeza, e, por outro lado, temos a solução para essa aflição, na obra do Espírito Santo de Deus, gerando um relacionamento pessoal com Jesus Cristo que leva a uma vida com propósito e paz. “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10:13).

O livro inteiro é cativante e cheio da mais valiosa instrução moral e bíblica, e assim, estamos convencidos de que jovens e idosos também o lerão com prazer e tirarão muito proveito dele.

James Rode, que foi o pai de nossa heroína, Mary, nasceu de pais pobres e respeitáveis na Alemanha. Quando ele era ainda jovem, aprendeu a arte da jardinagem no Condado de Eichbourg. Sendo um rapaz de boa inclinação natural, disposição amável e distinto por sua retidão de caráter, ele logo se tornou querido por todos, e ao invés de, depois de ter aprendido o seu trabalho, ir embora para seguir seu próprio rumo, o Conde o empregou como seu próprio empregado, e ele realizou tão fielmente as suas funções, conforme avançou na vida, que o Conde lhe ofereceu um emprego honroso e lucrativo no magnífico palácio que possuía em Viena.

James era agora obrigado a fazer uma escolha, como aquela posta diante de Ló quando escolheu ir a Sodoma e viver naquela terra bem regada e agradável. James, no entanto, sabia que lá ele poderia ser obrigado a fazer várias coisas contrárias à sua consciência. Assim, ele recusou a posição honrosa e lucrativa que lhe fora oferecida e preferiu voltar à tarefa humilde da qual ele havia sido retirado. O Conde de boa vontade lhe arrendou, sob condições acessíveis, um pequeno pedaço de terra próximo a Eichbourg. Esse pequeno campo tinha um chalé encantador, um pomar com muitas árvores frutíferas e um ótimo quintal. Pouco depois, James casou-se com uma jovem moça da vizinhança que era uma órfã, mas que havia experimentado do mesmo precioso presente de Deus e assim, James mostrou a sua obediência ao preceito divino de “casar somente no Senhor”, um preceito tão negligenciado que traz uma grande porção de infelicidade a multidões. Por vários anos, James e sua esposa caminharam juntos pela peregrinação da vida, adornando, de sua maneira humildade, a doutrina de Seu Salvador em todas as coisas, não só para ganharem respeito e afeição para si mesmos, mas para o Senhor e Salvador a quem eles professavam. Não importa o quão humilde a situação que qualquer verdadeiro filho de Deus possa ocupar, se ele é constante em seu proceder e em sua conversação, ele é uma testemunha para a verdade que nenhum inimigo é capaz de contradizer. 

Muitos anos agradáveis se passaram suave e alegremente. Filhos foram enviados por Deus para animar a vida no chalé e James e sua esposa desfrutaram por algum tempo da mais pura felicidade terrena. Mas, Deus, que castiga até mesmo os seus filhos mais amados, não permitirá que eles se apeguem muito profundamente às coisas terrenas. As aflições são então enviadas para lembrá-los de que esse mundo não é seu repouso – para afastar suas afeições do mundo e firmá-los confiadamente no porvir.  Agradou a Deus tomar os filhos de James, um a um, afrouxando assim gradualmente os seus laços terrenos e, por fim, o mais severo dos golpes foi dado, de modo que, após uma breve doença, a sua amada esposa seguiu os seus filhos. Ela morreu, bem como viveu, na plena esperança da glória eterna, fundada nas promessas daquele que é “a ressurreição e a vida” (Jo 11: 25). O luto do marido foi amenizado pela resignação do Evangelho e pela abençoada expectativa de encontrar a sua esposa onde os amigos que amaram o Senhor nunca poderão ser separados dEle ou uns dos outros. Quando aqueles que amamos “morrem no Senhor” podemos dizer:

“Por que chorar por amigos que partiram 
E os alarmes da morte soar?
A morte é apenas um servo que Jesus enviou
Para aos seus braços nos chamar!”

No momento em que essa história começou, James Rode estava com cerca de sessenta anos de idade e seus cabelos estavam quase tão brancos quanto a neve sobre as montanhas. De sua numerosa família, lhe restara apenas uma filha, e nessa amada criança ele depositou todo o seu cuidado e afeição. Ele a chamou de Mary, como sua mãe. Ela tinha apenas cinco anos de idade quando a sua mãe morreu. Todos os vizinhos a achavam bonita e às vezes eles eram indiscretos a ponto de dizer isso na frente dela – o que é um grande erro, pois todas as crianças são naturalmente inclinadas à vaidade. O que realmente valia a pena chamar de lindo é que ela amava muito a seu pai e era modesta e obediente. A menina crescia e se tornava diariamente mais cativante. As instruções e orações de seu pai pareciam tê-la abençoado, pois ela aparentava crescer em bondade à medida que crescia em estatura.

Quando Mary completou quinze anos de idade, o seu pai a colocou à frente de todos os afazeres da casa. Nunca houve uma moça mais amável e prestativa. A pequena residência deles era um exemplo de cuidado e ordem; nenhum sinal de poeira era visto ali e os utensílios da cozinha estavam sempre tão bem polidos que podiam ser confundidos com novos.

James Rode, como já foi dito, era um jardineiro. Ele obtinha o seu sustento pelo cultivo de frutas e vegetais que, uma ou duas vezes por semana, ele levava para o mercado que ficava na cidade mais próxima da sua fazenda. Seu maior deleite, porém, era o cultivo de flores e nessa ocupação, Mary sempre o ajudava quando podia ser dispensada das tarefas da casa. Ela considerava as horas dedicadas a esse trabalho as mais felizes de sua vida, pois seu pai tinha a capacidade de transformar o trabalho em prazer com instrução, alegria e, acima de tudo, com conversas piedosas.

Mary, que cresceu como se estivesse no meio das plantas e para quem o jardim era um pequeno mundo, descobriu logo um gosto inegável pelas flores. Suas flores eram suas amigas e companheiras e ela cultivava as novas flores com todo o cuidado e assiduidade. Os brotos de todas as estranhas espécies eram objetos de deleitoso estudo. Ela ocupava a sua jovem imaginação pensando em que tipo de flores eles poderiam produzir. Ela mal podia esperar que desabrochassem e então, quando a flor tão impacientemente esperada aparecia em todo o seu esplendor, ela corria animada para contar a seu pai sobre seu novo tesouro. James sorria com a alegria dela e se alegrava ao vê-la satisfeita com prazeres tão inocentes. O velho jardineiro costumava dizer: “Deixe os outros gastarem seu dinheiro em jóias e vestidos exuberantes e outras vaidades, eu usarei o meu para sementes de flores”. “Como tantos homens” – dizia ele – “esbanjam muito mais dinheiro com frivolidades para seus filhos do que eu gasto com sementes de flores, sem conseguir dar-lhes metade da alegria que Mary sente com as flores dela! O amor por vestidos e enfeites degrada a alegria e torna o caráter frívolo, pois jóias e tecidos não podem dar aos nossos filhos um prazer tão puro quanto essas pequenas amostras da sabedoria e da benevolência de Deus. Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles (Mt 6: 28, 29)”.

Era raro alguém passar pelo jardim sem parar para admirar a beleza das flores. Até mesmo as crianças da vizinhança, quando estavam passando para ir à escola, nunca deixavam de espiar pela cerca e eram frequentemente recompensadas por Mary com alguns pequenos presentes de flores, como um sinal de sua afeição. 


James, como um pai sábio, aproveitava o amor de sua filha pelas flores e direcionava esse interesse para um fim nobre. Na beleza das várias flores que adornavam seu jardim – na encantadora variedade de suas formas, na igualdade de suas proporções, no esplendor de suas cores e na delicada doçura de seus perfumes – ele a ensinava a ver e admirar a sabedoria e a bondade de Deus. James tinha a visão espiritual com a qual conseguia enxergar o Criador em Suas obras e ler as mensagens abençoadas que Ele envia a Seus filhos.

Os céus proclamam 
a glória de Deus, 
e o firmamento anuncia 
as obras das suas mãos (Sl 19: 1)

Buscar-me-eis e me achareis 
quando me buscardes 
de todo o vosso coração (Jr 29: 13)

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